Friday, October 3, 2025

As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu - Reflexão Filosófica

por Celso de Arruda - Jornalista - MBA 



As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu - Reflexão Filosófica

O filme narra a trajetória de Eddie, um homem simples que, ao morrer, descobre no reencontro com cinco pessoas o verdadeiro sentido de sua vida. Esse enredo pode ser interpretado à luz da filosofia clássica, que sempre buscou compreender a vida humana em termos de virtude, verdade e finalidade (telos).

1. O exame da vida – Sócrates

Sócrates dizia: “Uma vida não examinada não merece ser vivida.”
Eddie, em vida, não se percebia como protagonista de algo maior; via-se como um trabalhador comum, preso à rotina e a ressentimentos. Somente após a morte, examina sua existência com profundidade, reconhecendo o impacto de suas ações. O processo pós-morte descrito no filme é análogo ao diálogo socrático: questionar-se, reconhecer ignorâncias, abrir-se ao aprendizado.

2. A verdade além das aparências – Platão

Na visão platônica, a realidade sensível é apenas sombra do mundo das Ideias. Eddie viveu preso às sombras da dor, da mágoa, da aparente insignificância. No além, ao encontrar as cinco pessoas, ele ascende a um nível de contemplação mais elevado — como quem sai da caverna e vê a luz. Cada encontro é um degrau dessa ascensão, levando-o à verdade essencial: sua vida teve sentido porque participou de um bem maior, mesmo quando ele não via.

3. Virtude e finalidade – Aristóteles

Aristóteles sustentava que todo ser busca um fim (telos), e que a felicidade (eudaimonia) consiste em realizar plenamente nossa função como humanos: viver de acordo com a razão e a virtude. O filme sugere que Eddie encontra, postumamente, o telos de sua vida: proteger, servir, sacrificar-se pelos outros. Mesmo que não tenha alcançado glória ou prazer, viveu virtuosamente na prática da responsabilidade.
Para Aristóteles, a felicidade é o resultado de uma vida virtuosa — e o filme confirma isso ao revelar que o verdadeiro valor de Eddie esteve em suas ações discretas, mas alinhadas ao bem comum.

4. Aceitação do destino – Estoicismo

Os estóicos, como Sêneca e Marco Aurélio, ensinavam que tudo na vida está entrelaçado por uma razão cósmica (logos), e que o sábio aprende a aceitar a necessidade, praticando serenidade diante da dor. O filme ecoa esse princípio: Eddie compreende, ao fim, que nada foi por acaso e que até seu sofrimento estava inserido em um tecido maior de sentido. A mensagem é profundamente estoica: reconciliar-se com o destino não é resignação, mas perceber que há ordem e conexão no que parecia caos.


Síntese reflexiva

À luz da filosofia clássica, o filme pode ser visto como uma parábola sobre a busca pela verdade, a realização da virtude e a aceitação do destino:

  • Sócrates nos lembra da necessidade de examinar a vida.

  • Platão mostra que o verdadeiro sentido não está nas aparências, mas numa realidade mais profunda.

  • Aristóteles reforça que a finalidade da vida é cumprir nossa função de forma virtuosa.

  • Os estóicos ensinam a aceitar a ordem maior, com serenidade e consciência.

Assim, As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu traduz, em linguagem poética, um percurso que os filósofos antigos já propunham: viver com consciência, cultivar a virtude e encontrar, no exame da própria vida, a luz que dá sentido à existência.

Thursday, June 12, 2025

Luz de Um Novo Amanhã - Celso Arruda

 



"Luz de Um Novo Amanhã"

Homenagem ao Doutor Celso – no dia do seu nascimento

Letra: Celso Arrada

[Verso 1]

Na cidade, um homem sonhou,

Com justiça, com paz, com amor.

Tinha em si a alma de um sábio ancião,

Com Platão na mente e o bem no coração.


[Verso 2]

A coragem de Joana o conduz,

Erguia a voz, queimava na luz.

Como Robespierre, Salgueiro a persistir,

Pela liberdade, pelo porvir.


[Pré-Refrão]

No peito a fé, na mente a razão,

No olhar Franchesco, em paz e compreensão.

E ao soprar um dia a vida no ar,

Um bebê voltou a respirar.


[Refrão]

Doutor Celso, luz que não se apaga,

Chama que arde e nunca se cala.

Fala de vida, clama a verdade,

Traz no silêncio a eternidade.


Doutor Celso, voz da esperança,

Ecos de paz, de amor e mudança.

Teu legado é sol, teu gesto é flor,

Na terra semeou o amor.


[Verso 3]

Falava da alma, do ser profundo,

Sonhava um mundo bem melhor que o mundo.

Fez da ciência um ato de fé,

Com compaixão que jamais se desfaz.


[Verso 4]

Guiou os passos de mil consciências,

Com ética, amor e paciência.

Não só curou, também ensinou

Que a paz começa onde o eu despertou.


[Ponte – instrumental com arranjo crescente e coral suave ao fundo]


Friday, May 30, 2025

Liberdade e Responsabilidade - Celso Arruda

 

Liberdade e Responsabilidade


[Verso 1]
Veio do alto um sopro leve,
Promessa pura, céu que escreve
Com mãos de luz um novo chão,
E me entregou libertação.

Mas o que faço com o que recebo?
Constrói futuro ou cava medo?
Às vezes, cego em minha ilusão,
Faço da graça, uma prisão.

[Pré-refrão]
E os elos que vieram suaves,
Transformo em correntes graves...

[Refrão]
Liberdade não é só voar,
É saber onde pousar.
Responsável por cada direção,
Não trocar escolha por prisão.
E você? Em qual elo está?
Veludo leve… ou bronze a pesar?

[Verso 2]
Quantas concessões me foram dadas,
E quantas delas desperdiçadas?
Culpando o mundo, negando o espelho,
Fugindo sempre do meu conselho.

Mas cada passo, por mim traçado,
É consequência do meu legado.
Não é o Céu que me acorrenta,
Sou eu quem prende o que me orienta.

[Pré-refrão]
A dádiva que vem do alto,
Requer coragem, não assalto.

[Refrão]
Liberdade não é só voar,
É saber onde pousar.
Responsável por cada direção,
Não trocar escolha por prisão.
E você? Em qual elo está?
Veludo leve… ou bronze a pesar?

[Ponte – Instrumental com fala narrada ou sussurrada]
"A maioria dos homens cai… desastradamente…
na primeira e nova concessão do Céu.
Transformando elos de veludo…
em algemas de bronze."

[Último refrão – mais emocional]
Liberdade é se reconhecer,
Mesmo ao errar, aprender.
É não culpar o Céu, nem fugir do chão,
Mas andar com firmeza e coração.
E você? Em qual elo está?
Veludo que liberta… ou bronze a pesar?

Monday, March 31, 2025

O Vento e a Brisa

 



Musica: O Vento e a Brisa

Letra: Celso de Arruda

[Verso 1]
[C] O vento rugia sem conhecer seu poder
[G] Chicoteava a terra, fazia tudo tremer
[F] Vegetais curvados sem saber reagir
[C] Viviam e morriam sem ao menos existir

[Pré-refrão]
[Am] Mas um dia a semente encontrou um lugar
[F] Junto ao salgueiro, aprendeu a dançar
[G] Não resistiu, apenas cedeu
[C] E ao invés de quebrar, sobreviveu

[Refrão]
[C] E o vento virou brisa, soprou com leveza
[G] A chuva virou chuvisco, regou com pureza
[F] O fogo aquecia, sem mais destruir
[C] A terra acolhia, sem mais sacudir

[Verso 2]
[C] Por séculos lutaram contra a força cruel
[G] Resistiram ao tempo, mas sem um papel
[F] Até que aprenderam, a arte de ceder
[C] E no ato de entrega, puderam viver

[Pré-refrão]
[Am] A força nem sempre precisa brigar
[F] Pois na suavidade, há um jeito de estar
[G] O vento entendeu e decidiu mudar
[C] Se fez brisa leve a acariciar

[Refrão]
[C] E o vento virou brisa, soprou com leveza
[G] A chuva virou chuvisco, regou com pureza
[F] O fogo aquecia, sem mais destruir
[C] A terra acolhia, sem mais sacudir

[Ponte]
[Am] Nem sempre é na luta que se vence a dor
[F] Às vezes é o tempo que ensina o amor
[G] E no ato de ouvir e de compreender
[C] A força descobre um novo viver

[Refrão final]
[C] E o vento virou brisa, soprou com leveza
[G] A chuva virou chuvisco, regou com pureza
[F] O fogo aquecia, sem mais destruir
[C] A terra acolhia, sem mais sacudir


Saturday, March 29, 2025

A Descoberta das Esculturas de Sperlonga: Um Legado da Arte e Mitologia Grega

 

por CElso de Arruda - Jornalista - MBA




A Descoberta das Esculturas de Sperlonga: Um Legado da Arte e Mitologia Grega

Em 1957, arqueólogos fizeram uma descoberta impressionante nas ruínas da vila do imperador Tibério, localizada em Sperlonga, Itália. Durante as escavações, um grupo monumental de esculturas de mármore foi encontrado, representando uma das cenas mais dramáticas da mitologia grega: Odisseu e seus companheiros cegando o Ciclope Polifemo, um episódio marcante da Odisseia de Homero.

Essa obra-prima da escultura antiga combina dinamismo e sofisticação, refletindo a habilidade técnica dos escultores romanos. A cena retrata Odisseu e sua tripulação em um momento de extrema tensão, enquanto introduzem uma estaca afiada no único olho do gigante adormecido. A composição das figuras transmite um intenso movimento e emoção, destacando o domínio da narrativa visual na antiguidade.

As esculturas foram encontradas dentro de uma estrutura que se assemelha a uma gruta, sugerindo que faziam parte da decoração de uma sala de banquetes na vila imperial. Esse ambiente evocava o mundo mítico e refletia o fascínio de Tibério pela cultura grega, bem como seu apreço pela excelência artística.

Atualmente, essas impressionantes esculturas estão restauradas e em exposição no Museu Arqueológico de Sperlonga. Elas oferecem aos visitantes uma janela para a grandiosidade da arte romana antiga e sua relação intrínseca com as narrativas mitológicas. A descoberta em Sperlonga não apenas enriquece nosso conhecimento sobre a arte e a arquitetura da Roma imperial, mas também destaca a influência duradoura da mitologia grega no imaginário cultural da época.



Musica: A Escultura Superlonga

Letra: Celso de Arruda


[Verso 1]
[C]Nas ruínas de Sperlonga, um segredo a despertar
[F]Sob as sombras do império, pedras prontas pra contar
[G]Histórias de um tempo antigo, de um herói a navegar
[C]Odisseu e seus guerreiros, contra um monstro a lutar

[Pré-refrão]
[F]Arte esculpida no tempo, mitos que ecoam no mar
[G]Na gruta onde Tibério sonhou, a lenda volta a brilhar

[Refrão]
[C]Cegando o gigante, a coragem reluz
[F]O mármore conta, o que a voz traduz
[G]No toque da arte, na forma e na luz
[C]O passado eterno nunca se reduz

[Verso 2]
[C]Na fúria de Polifemo, um destino a se cumprir 

[F]O fogo e a astúcia guiando o porvir 

[G]Figuras esculpidas, o momento a congelar 

[C]No mármore a batalha, nunca irá se apagar


[Pré-refrão] 

[F]Arte esculpida no tempo, mitos que ecoam no mar

[G]Na gruta onde Tibério sonhou, a lenda volta a brilhar

[Refrão]

 [C]Cegando o gigante, a coragem reluz 

[F]O mármore conta, o que a voz traduz 

[G]No toque da arte, na forma e na luz

[C]O passado eterno nunca se reduz

[Ponte] 

[Am]Agora no museu, um reflexo da glória 

[F]Cada olhar revela a força da história 

[G]O homem e a pedra, unidos na fé

[C]Um eco imortal do que já foi e é

[Refrão final] 

[C]Cegando o gigante, a coragem reluz 

[F]O mármore conta, o que a voz traduz 

[G]No toque da arte, na forma e na luz

[C]O passado eterno nunca se reduz



Friday, March 28, 2025

Evolução - Celso de Arruda




 A Evolução Como Princípio Universal: Uma Reflexão Filosófica e Psicanalítica

A música "Evolução", de Celso de Arruda, apresenta uma reflexão profunda sobre o progresso humano, abordando a relação entre o meio e o ser, o equilíbrio entre corpo e espírito, e a conexão com um Todo Universal. Essa letra carrega em si elementos que podem ser analisados sob duas lentes: a filosófica e a psicanalítica.

A Filosofia da Evolução: Razão e Verdade

A música propõe que "evoluir é a meta do universo", sugerindo um ideal teleológico, ou seja, a ideia de que a existência caminha para um propósito maior. Essa visão ressoa com a filosofia de Hegel, que via a história como um desenvolvimento dialético da consciência rumo à liberdade. Da mesma forma, Nietzsche, ao propor a superação do homem pelo "além-do-homem", reforça a ideia de crescimento e transformação constante.

O trecho "Na busca da Razão, a Verdade reluz" remete à epistemologia e à ontologia. Platão sugeria que o conhecimento verdadeiro está além do mundo sensível, enquanto Aristóteles defendia que a razão poderia nos levar à compreensão da essência das coisas. A busca pela verdade, portanto, é uma constante no pensamento filosófico e se reflete na própria natureza humana.

O Meio e o Indivíduo: Uma Perspectiva Psicanalítica

"Não somos frutos do meio, não / O meio é obra da nossa mão" contrasta diretamente com teorias deterministas, como a de B. F. Skinner, que enfatiza o papel do ambiente no comportamento humano. Contudo, em uma leitura psicanalítica, essa afirmação pode ser interpretada à luz da teoria freudiana do inconsciente, onde o sujeito é moldado por suas experiências e traumas, mas também possui a capacidade de ressignificá-los.

Lacan propõe que o ser humano se constitui na linguagem e no desejo do outro, o que implica que o meio exerce um papel essencial em nossa construção subjetiva. No entanto, a letra da canção sugere uma posição mais próxima de Viktor Frankl, que via no sentido da vida e na capacidade de escolha os elementos fundamentais da existência humana.

Equilíbrio entre Corpo e Espírito

Outro ponto forte da canção é a ideia de um equilíbrio entre corpo e espírito, uma visão comum a várias tradições filosóficas e espirituais. O dualismo cartesiano separa mente e corpo, enquanto a filosofia oriental propõe uma interconexão entre ambos. A psicanálise também reconhece essa dualidade, com Freud abordando os conflitos entre o desejo (id), a moral (superego) e a realidade (ego), enquanto Jung propõe a integração da sombra e do self para a individuação.

A Evolução como Missão

A canção "Evolução" transcende uma mensagem meramente motivacional e se configura como um convite à reflexão sobre o papel do homem no universo. Seja pela perspectiva filosófica da busca pela verdade e razão, ou pela psicanalítica da autonomia do sujeito frente ao meio, a letra ressoa com a ideia de que "somos parte de um Todo Universal" e que cabe a nós moldarmos a realidade, crescendo em direção à compreensão e ao respeito pela existência.


Música: Evolução - 

Letra: Celso de Arruda

[Intro]

[G] [C] [D] [G]  


[Verso 1]

[G] Temos por princípio evoluir,  

[C] E um Mundo Bem Melhor a construir,  

[G] Não somos frutos do meio, não,  

[D] O meio é obra da nossa mão.  


[Refrão]

[G] Evoluir é a meta do Universo,  

[C] É a medida do tempo imerso.  

[G] Desenvolver a mente  e o equilíbrio é real,  

[D] Somos um com o Todo Universal.  


[Interlúdio]

[G] [C] [G] [D]  


[Verso 2]

[G] Cada ser tem uma razão de ser,  

[C] E o homem também veio pra crescer.  

[G] Na busca da Razão, a Verdade reluz.

[D] O Mestre nos guia, no caminho da luz.  


]Refrão]

[G] Evoluir é a meta do Universo,  

[C] É a medida do tempo imerso.  

[G] Do corpo e espírito, o equilíbrio é real,  

[D] Somos parte de um Todo Universal.  


[Ponte]

[Em] Não somos deuses, mas podemos ser mais,  

[C] Filhos de Deus, em amor e paz.  

[G] Respeitamos a vida, em toda expressão,  

[D] Do menor ser à maior criação.  


[Verso 3]

[G] Respeito nasce da compreensão,  

[C] Do Todo que habita o coração.  

[G] Cada vida é sagrada, cada existência,  

[D] Um reflexo da divina essência.  


[*Refrão Final]

[G] Evoluir é a meta do Universo,  

[C] É a medida do tempo imerso.  

[G] Do corpo e espírito, o equilíbrio é real,  

[D] Somos parte de um Todo Universal.  


[Outro]

[G] Homens com "H", vamos construir,  

[C] Um meio digno, um porvir.  

[G] Pois o meio é obra da nossa mão,  

[D] E a evolução é a nossa missão.  


[Final]

[G] [C] [G] [D] [G]  

Thursday, March 27, 2025

Análise Filosófica e Psicanalítica da Canção 'Transformação Pessoal

 


A Jornada da Transformação: Uma Análise Filosófica e Psicanalítica da Canção 'Transformação Pessoal'


A música "Transformação Pessoal" de Celso Arruda é um hino à mudança interior, ao renascimento do ser e à aceitação da jornada individual. Através de uma análise filosófica e psicanalítica, é possível compreender como os versos expressam um processo profundo de autodescoberta e superação.


O Olhar para Dentro: A Busca pelo Autoconhecimento


Desde o primeiro verso, a canção nos convida a um mergulho introspectivo: "Olhei pra dentro, vi quem sou". Essa frase remete diretamente ao conceito socrático de "conhece-te a ti mesmo", um dos pilares da filosofia grega. Para Sócrates, o autoconhecimento era essencial para a construção de uma vida virtuosa e autêntica.


Na perspectiva psicanalítica, essa busca interior pode ser compreendida como o início do processo de individuação, descrito por Carl Gustav Jung. O indivíduo, ao se confrontar com sua própria sombra e aceitar suas contradições, dá o primeiro passo em direção à totalidade do ser.


O Peso da Existência e a Necessidade de Mudança


A aceitação do "peso que carrego" sugere o reconhecimento dos fardos emocionais e psicológicos acumulados ao longo da vida. Sigmund Freud, pai da psicanálise, argumentava que os traumas e conflitos internos muitas vezes permanecem reprimidos no inconsciente, influenciando nossas ações e emoções. O ato de reconhecer e aceitar esses fardos pode ser visto como um passo terapêutico essencial na busca por equilíbrio emocional.


A Transformação como Caminho para a Liberdade


No pré-refrão, a música nos lembra que "cada passo que eu dou, deixo o velho para trás". Esse trecho remete à filosofia existencialista de Jean-Paul Sartre, para quem a liberdade humana está na capacidade de se reinventar constantemente. O ser humano não está condenado a uma essência fixa; pelo contrário, ele é um projeto em construção contínua.


Além disso, a psicanálise lacaniana sugere que a subjetividade não é algo estático, mas sim um fluxo de significantes que se reestruturam ao longo da vida. O ato de "reescrever minha paz" reflete essa plasticidade psíquica, em que o sujeito se reconstrói a partir de suas vivências e escolhas.


O Enfrentamento do Medo e a Construção do Novo Eu


A segunda estrofe destaca a coragem necessária para enfrentar os desafios da jornada interior: "Tracei metas, mirei o alto, enfrentei o medo do abismo". O medo do desconhecido é um tema recorrente na filosofia e na psicologia. Kierkegaard, filósofo existencialista, via a angústia como uma manifestação da liberdade humana, um sinal de que estamos diante da possibilidade de transformação.


A resiliência mencionada no pré-refrão é um conceito fundamental na psicologia positiva. Para Viktor Frankl, psiquiatra e sobrevivente do Holocausto, a capacidade de encontrar sentido mesmo diante das adversidades é o que nos permite perseverar. Cada erro se torna uma lição, cada obstáculo, uma oportunidade de crescimento.


O Amor-Próprio como Fonte de Luz

A ponte da canção introduz um elemento crucial: "O amor-próprio é chama que ilumina a escuridão". Esse verso dialoga com a ideia de autoaceitação proposta por Carl Rogers, psicólogo humanista. Ele defendia que o desenvolvimento pleno do indivíduo só é possível quando este se aceita incondicionalmente, reconhecendo suas imperfeições sem se deixar paralisar por elas.


A metáfora da "verdade como arma" também pode ser interpretada sob a ótica da filosofia nietzschiana. Friedrich Nietzsche afirmava que a verdade do indivíduo não está em dogmas externos, mas na sua capacidade de afirmar sua própria existência e criar seus próprios valores.


A Transformação como Lei da Vida

A canção encerra com a afirmação: "E se o mundo mudar, eu vou mudar, transformação é lei". Esse verso sintetiza a essência do pensamento heraclitiano, para quem a única constante no universo é a mudança. O ser humano está em constante evolução, e a aceitação dessa realidade é o que permite a verdadeira liberdade.


Dessa forma, "Transformação Pessoal" não é apenas uma música sobre mudança, mas um convite à reflexão profunda sobre o próprio existir. Filosoficamente, ressoa com a busca pelo autoconhecimento, a aceitação da liberdade e a constante reinvenção do ser. Psicanaliticamente, representa o processo de individuação, o enfrentamento da sombra e a ressignificação da própria história. Uma verdadeira ode à jornada da alma em busca de sua essência.


As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu - Reflexão Filosófica

por Celso de Arruda - Jornalista - MBA  As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu - Reflexão Filosófica O filme narra a trajetória de Eddie,...